Argentina e EUA iniciam diálogo formal para “comércio recíproco”

Em um gesto que sinaliza um novo momento geopolítico na América Latina, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, anunciou nesta segunda-feira (14), na Casa Rosada, que Estados Unidos e Argentina iniciaram conversas formais para estabelecer um acordo de comércio recíproco. A iniciativa marca o alinhamento político e econômico entre os governos de Donald Trump e Javier Milei, que vêm reforçando publicamente sua aliança estratégica.

“Fiquei entusiasmado ao fazer esta viagem para iniciar as primeiras conversas formais sobre comércio recíproco entre nossos dois países”, declarou Bessent ao lado de Milei, após reunião no Palácio do Governo.

Milei, por sua vez, foi enfático ao declarar seu alinhamento com a Casa Branca:
“Entendemos a proposta de tarifas recíprocas que o presidente Trump elaborou e estamos prontos para assinar um acordo comercial nesse sentido que, sem dúvida, beneficiará tanto os Estados Unidos quanto a Argentina.”

Acordo com o FMI e promessa de “milagre econômico”

Além das negociações comerciais, os EUA reafirmaram apoio decisivo ao acordo firmado na última sexta-feira (11) entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de US$ 20 bilhões. O pacote, que inclui também recursos do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), visa fortalecer as reservas do Banco Central argentino e impulsionar o plano de reformas ultraliberais conduzido por Milei.

“O presidente Milei tem a visão, a vontade e a capacidade de garantir que a Argentina passe por uma transformação econômica. Agora é o momento dos amigos da Argentina estarem ao seu lado”, afirmou Bessent.

Segundo ele, o acordo com o FMI deve ser o gatilho para um “enorme boom de investimentos estrangeiros diretos”, com empresas americanas já demonstrando entusiasmo em investir no que chamou de ‘milagre econômico argentino’.

Milei: “Aliança contra o socialismo na América Latina”

Durante a coletiva, o presidente argentino reforçou que seu governo será um aliado firme dos EUA na região e fez duras críticas aos regimes socialistas da América Latina, com destaque para Venezuela e Bolívia.

“A América Latina está devastada pelo vírus do socialismo, que deixou um rastro de inflação e miséria. A Venezuela é uma enorme favela, além de uma prisão a céu aberto. A Bolívia está se deteriorando gradualmente”, afirmou Milei.

Segundo o presidente argentino, o objetivo é que a nova parceria entre Argentina e EUA sirva de modelo para outros países da região, fortalecendo uma frente regional contra governos de esquerda.

“As raízes das sementes plantadas nessa nova relação devem ser fortes o suficiente para se espalharem por toda a região”, declarou.

Contexto regional: aliança ideológica e econômica

O anúncio das negociações acontece em um momento em que o presidente Trump, de volta à Casa Branca, tem reforçado laços com líderes latino-americanos alinhados à sua agenda, ao mesmo tempo em que adota postura crítica em relação a governos progressistas, como o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Brasil.

A aproximação estratégica entre Buenos Aires e Washington também se soma a pressões internacionais sobre o ministro brasileiro Alexandre de Moraes, que pode ser alvo de sanções por parte do governo Trump por sua atuação no caso dos atos de 8 de janeiro de 2023. A movimentação envolve diversos órgãos do governo norte-americano e pode afetar diretamente o relacionamento diplomático entre EUA e Brasil.

Compartilhe nas redes sociais

Bruno Rigacci

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site! ACEPTAR
Aviso de cookies