Bolsonaro e aliados fazem “esquenta” antes de manifestação na Paulista

Horas antes da manifestação marcada para este domingo (6) na Avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizará uma reunião estratégica com governadores, parlamentares e aliados políticos no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. O encontro está previsto para acontecer às 10h da manhã e vem sendo chamado nos bastidores de um verdadeiro “esquenta da manifestação”.

A concentração do ato público está programada para as 14h na Paulista, e a principal bandeira será a defesa da anistia para os envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. A reunião política que antecede o ato é vista como uma forma de alinhamento discursivo e fortalecimento institucional da causa conservadora, com respaldo de figuras de peso.

Tarcísio lidera encontro no Palácio

A reunião será comandada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos principais aliados de Bolsonaro e nome frequentemente citado como possível presidenciável. A presença de Tarcísio na articulação política mostra seu empenho em dar apoio à base bolsonarista, sem romper com sua imagem institucional e técnica.

Segundo informações confirmadas à CNN Brasil por parlamentares envolvidos, o encontro contará com a participação de Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, e Ratinho Jr (PSD), governador do Paraná. Também é esperada a presença do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), embora sua ida ao Palácio ainda não esteja confirmada.

Manifestação visa impulsionar projeto de anistia no Congresso

A movimentação deste domingo na Avenida Paulista segue o mesmo roteiro da manifestação que ocorreu há três semanas em Copacabana, no Rio de Janeiro, com participação expressiva do público e forte engajamento digital. Segundo aliados, o objetivo central das manifestações é pressionar o Congresso Nacional a avançar com o projeto de lei que concede anistia aos presos e investigados pelo 8 de janeiro.

O PL da Anistia, como vem sendo chamado, encontra-se em tramitação na Câmara dos Deputados e vem dividindo opiniões entre os parlamentares. Para seus defensores, trata-se de um “ato de justiça” que busca corrigir excessos cometidos pelo Judiciário. Já críticos afirmam que o projeto ameaça o Estado Democrático de Direito e enfraquece a responsabilização por ações golpistas.

O deputado Sandro Motta (PL-RJ), relator da proposta, já sinalizou que pretende condicionar o avanço do texto a uma maior articulação com lideranças políticas e sociais, o que reforça o papel estratégico da manifestação na capital paulista.

Lista com mais de 100 políticos confirmados

Na noite deste sábado (5), aliados de Bolsonaro circularam uma lista com 117 nomes de políticos que estariam confirmados para o ato. A relação inclui vereadores, deputados estaduais e federais, senadores, governadores e representantes partidários. A organização ressalta, no entanto, que a lista se refere aos nomes confirmados até a noite da última quinta-feira (3), e que outros apoios podem ter sido agregados posteriormente.

A CNN entrou em contato com os organizadores para obter uma atualização da lista, mas não obteve retorno até o momento da publicação.

O alto número de parlamentares e autoridades presentes evidencia o apoio institucional crescente à pauta da anistia, bem como o esforço da direita em manter o tema vivo na agenda nacional, em meio a disputas jurídicas e políticas.

Bolsonaro aposta na pressão popular

Para Bolsonaro, a mobilização popular tem sido fundamental para influenciar decisões políticas e jurídicas. Em suas redes sociais, o ex-presidente vem repetindo que “a pressão do povo funciona” e que “é hora de lutar por liberdade, justiça e um futuro melhor para os nossos filhos”.

A defesa da missionária Eliene Amorim de Jesus — libertada após dois anos de prisão sem julgamento — e da ativista Débora Rodrigues, presa por pichar a estátua da Justiça, tornou-se símbolo do discurso bolsonarista sobre “prisões políticas” e suposta perseguição a conservadores.

“Essa ainda não é a liberdade que Eliene merece. Mas é uma pequena vitória. E é importante reconhecer: ela só aconteceu porque o caso foi exposto, denunciado e ganhou as redes”, afirmou Bolsonaro.

A expectativa é que os casos de Eliene, Débora e outros presos dos atos de janeiro sejam citados nos discursos durante o evento na Paulista, reforçando o apelo emocional e a narrativa de injustiça.

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Bruno Rigacci

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