“Não piso em mesmo terreno que Lula até que se retrate”, diz Ibaneis

A ausência do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), na posse do novo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) gerou surpresa na noite desta segunda-feira (17/3). Ibaneis, que atuou como advogado por 30 anos e mantém forte relação com a classe, não compareceu ao evento. O motivo de sua ausência foi revelado pelo próprio governador ao Metrópoles: ele declarou que não pisará em “terreno” onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteja presente, em razão de uma acusação feita pelo presidente.

A acusação de Lula e a retratação exigida

Ibaneis Rocha afirmou que o presidente Lula o acusou, de forma “leviana”, de ser “cúmplice” de Jair Bolsonaro nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram os prédios dos Três Poderes em Brasília. Essa acusação, sem provas, foi a principal razão para o governador se afastar de eventos onde o presidente esteja presente.

Ao Metrópoles, Ibaneis deixou claro que só voltará a se relacionar com o presidente Lula de forma mais próxima caso ele se retrate publicamente sobre a acusação. “Não vou pisar em terreno onde o presidente Lula esteja presente, pelo menos até que ele se retrate por ter me acusado, de forma leviana, de ter sido cúmplice do Bolsonaro no 8/1″, disse Ibaneis.

Mensagem à OAB e a posição de Ibaneis

Apesar de sua ausência no evento, Ibaneis enviou uma mensagem ao presidente do Conselho Federal da OAB, Beto Simonetti, na qual expressava seus votos de sucesso no segundo mandato à frente da entidade. A mensagem foi clara quanto à sua posição em relação a Lula e aos acontecimentos pós-8 de janeiro.

“Presidente, desejo a você toda felicidade nesse seu segundo mandato à frente do CFOAB, desde já sabendo que será um grande sucesso para a advocacia brasileira. Infelizmente, não poderei participar do evento. Fiz um compromisso comigo que não piso em território que o presidente Lula esteja presente, pelo menos até que ele se retrate por ter me acusado, de forma leviana, de ter sido cúmplice do Bolsonaro no 8/1. Felicidades e conte sempre comigo”, escreveu Ibaneis.

O arquivamento do inquérito pelo STF

Vale lembrar que, no final de fevereiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, arquivou o inquérito que investigava o governador do DF por suposta participação nos eventos de 8 de janeiro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) havia apontado a falta de provas de que Ibaneis tivesse cometido qualquer crime relacionado aos atos antidemocráticos.

A decisão de Moraes, que resultou no arquivamento do inquérito, foi um alívio para o governador, mas o desgaste político com Lula persiste, especialmente devido às declarações do presidente sobre a alegada cumplicidade de Ibaneis com o ex-presidente Bolsonaro.

O contexto político e as relações entre os poderes

A atitude de Ibaneis é vista como uma reação direta à tensão política entre o governador e o presidente Lula. A relação entre os dois já havia sido marcada por divergências, e a acusação pública de Lula em janeiro agravou ainda mais o clima de animosidade. A decisão de Ibaneis de não participar de eventos onde Lula esteja presente também reflete um momento de polarização dentro da política nacional, especialmente no que diz respeito às investigações sobre os atos de 8 de janeiro.

Com a postura de Ibaneis, as relações entre o governo federal e o Distrito Federal continuam tensas, com a expectativa de que o governador busque, por meio da sua liderança local, reafirmar sua independência política e a defesa de sua imagem frente a acusações que considera infundadas.

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Bruno Rigacci

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