Usaid repassou ao menos R$ 267 milhões ao Brasil em 2023 e 2024

Nos últimos anos, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) tem sido um dos maiores financiadores de iniciativas e projetos no Brasil. Entre 2023 e 2024, a Usaid repassou ao menos 44,76 milhões de dólares (aproximadamente R$ 267 milhões na cotação da época da posse de Donald Trump) a ONGs, instituições e projetos brasileiros, com um valor ainda maior, possivelmente, considerando que os dados de 2023 são parciais. O governo americano, através dessa agência, tem destinado recursos a diversas áreas, incluindo desenvolvimento econômico, programas de apoio e assistência humanitária.

Em 2023, a Usaid repassou 20 milhões de dólares (R$ 119,2 milhões) ao Brasil, e em 2024 esse número aumentou para 24,76 milhões de dólares (R$ 147,8 milhões). Entre os principais focos dos repasses, destacam-se o apoio a projetos de desenvolvimento econômico (R$ 86 milhões), programas de apoio (R$ 20,5 milhões) e assistência humanitária (R$ 12,6 milhões), com um destaque para a área da saúde em 2024, com repasses de R$ 17,9 milhões.

Entretanto, esses repasses têm gerado controvérsia, com acusações de que a Usaid está financiando projetos de cunho progressista em várias partes do mundo. Entre as iniciativas questionadas estão programas relacionados a diversidade, equidade, inclusão e até ativismo LGBT, com repasses expressivos para projetos culturais em países como Sérvia, Irlanda, Colômbia, Peru e Guatemala. Esse tipo de financiamento gerou críticas de que o governo dos Estados Unidos estaria utilizando recursos de seus contribuintes para apoiar uma agenda política progressista e, em alguns casos, até interferir nos processos internos de outros países.

A Usaid, em particular, tem se envolvido em discussões sobre combate à desinformação, como no caso da parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil, que gerou controvérsias nas redes sociais. Em 2021, a Usaid esteve envolvida em eventos com o TSE, como o lançamento do “Guia de Combate à Desinformação” e o encontro sobre “Eleições e a Transformação Digital”. Durante esses eventos, o ministro Luís Roberto Barroso, do TSE, fez duras críticas às plataformas de redes sociais e à propagação de fake news, acusando-as de representar uma ameaça à democracia brasileira.

A polêmica em torno da atuação da Usaid ganhou força com a decisão do presidente Donald Trump, que suspendeu as atividades da agência e concedeu licenças administrativas aos seus funcionários, alegando que a Usaid estava canalizando grandes somas de dinheiro para projetos “ridículos” e “maliciosos”, sem a devida supervisão. Trump destacou que essa postura de “desperdício e abuso” estava sendo corrigida por sua administração.

Em uma recente declaração, Michael Benz, ex-chefe da divisão de informática do Departamento de Estado dos EUA, sugeriu que, se a Usaid não existisse, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda estaria no cargo. Segundo Benz, a agência financiou pressão para aprovação de projetos de lei contra a desinformação no Brasil e também apoiou advogados que pressionaram o TSE para censurar as redes sociais durante o governo Bolsonaro.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pediu que o Congresso Nacional investigasse a atuação da Usaid no Brasil, enfatizando a necessidade de preservar a soberania do país e garantir que as organizações estrangeiras não interfiram nos processos políticos internos. Para ele, é fundamental que o governo brasileiro analise os riscos dessa atuação para a segurança institucional e política do país.

Esse cenário levanta questões sobre a influência estrangeira nas políticas internas de nações soberanas, com a Usaid sendo um ponto central de debate sobre os limites da ajuda externa e os interesses envolvidos em projetos internacionais. A transparência e a fiscalização das ações da Usaid no Brasil e em outros países são agora temas que exigem mais atenção e discussão em âmbito internacional.

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Bruno Rigacci

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