Carta aberta ao refém Daniel Silveira viraliza na web
A situação do deputado Daniel Silveira, condenado e preso em um processo polêmico e amplamente debatido, se agrava a cada dia, à medida que novas informações sobre o tratamento desumano imposto a ele vêm à tona. Com graves problemas de saúde e uma luta constante para obter justiça, Silveira enfrenta uma dura batalha judicial que, para muitos, beira a arbitrariedade.
Os advogados do ex-deputado não param de denunciar o que consideram ser uma violação de seus direitos humanos, chegando a classificar o tratamento a que ele está sendo submetido como uma forma de “tortura”. Laudos médicos apresentados à Corte reforçam a gravidade de seu estado de saúde, mas até o momento, pouco parece sensibilizar o Supremo Tribunal Federal (STF), que segue intransigente em suas decisões.
Em meio a essa tragédia, uma carta aberta escrita pelo escritor Paulo Briguet ganhou destaque nas redes sociais e viralizou pela forma contundente com que aborda a situação de Silveira. A carta, publicada originalmente no jornal Gazeta do Povo, denuncia não apenas as condições em que o deputado se encontra, mas também critica duramente o sistema judicial e os responsáveis pela perseguição política a ele.
A carta começa com uma reflexão sobre o Natal e a dor, lembrando o exemplo de um professor que, em um momento de sofrimento, recebeu palavras de consolo de um padre. Briguet usa essa metáfora para tentar trazer algum alento ao deputado, apesar das adversidades que enfrenta, destacando que a humanidade foi salva através de um mal ainda maior, a tortura e morte de Jesus Cristo. Para o escritor, essa reflexão pode, de algum modo, consolar Daniel Silveira, que sofre injustamente nas mãos do sistema judiciário.
Briguet questiona a validade da prisão de Silveira, a qual considera “arbitrária, ilegal e teratológica”. Ele afirma que a prisão, ocorrida na Quarta-Feira de Cinzas, foi um abuso de poder e um erro grosseiro, destacando que o “flagrante perpétuo” usado como justificativa para o encarceramento é uma aberração jurídica. O autor menciona ainda o perdão presidencial concedido a Silveira, que foi anulado pelo STF, uma decisão que, segundo ele, demonstra a parcialidade e o autoritarismo da Corte.
A crítica ao STF se intensifica quando Briguet sugere que, se Silveira tivesse cometido crimes mais graves, como o assassinato de uma criança ou o roubo de grandes quantias, talvez tivesse recebido um tratamento mais brando. Mas, no caso de Silveira, sua prisão se dá pelo “crime de fala”, ou seja, por criticar o STF. Para Briguet, essa perseguição é um reflexo da intolerância e do autoritarismo da atual classe política.
O escritor também faz um paralelo histórico, comparando a prisão de Silveira com o sofrimento de figuras como o poeta Ossip Mandelstam, que foi perseguido pelo regime stalinista por suas críticas ao líder soviético. Para Briguet, o deputado não está apenas sendo punido, mas sim sendo “sequestrado” e “torturado” por um sistema que se recusa a aceitar qualquer forma de contestação.
Em suas palavras finais, Briguet reafirma a ideia de que Daniel Silveira não é um simples prisioneiro, mas um “refém” do sistema, cuja dor representa a dor de todos os que lutam pela liberdade de expressão e pelos direitos civis no Brasil. Para ele, a tortura sofrida pelo deputado é um reflexo da intolerância e do autoritarismo que ameaçam a democracia do país.
A carta de Paulo Briguet não só denuncia a situação de Daniel Silveira, mas também serve como um grito de alerta para os abusos que, segundo o autor, estão sendo cometidos em nome de um sistema que, cada vez mais, parece se afastar dos princípios da justiça e da liberdade.