Itália não apoiará acordo UE-Mercosul sem mudanças, diz Giorgia Meloni
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, declarou nesta quarta-feira (18) que seu governo só apoiará a aprovação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) se houver garantias de “compensações” para os agricultores do bloco europeu. A declaração foi feita durante uma audiência no Senado italiano, à véspera da reunião do Conselho Europeu, agendada para esta quinta-feira (19).
O acordo, que está sendo negociado há 25 anos, teve um avanço importante no início de dezembro, quando foi alcançado um desfecho inicial durante um encontro do Mercosul, com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. No entanto, o tratado ainda precisa passar por etapas de revisão legal e tradução antes de ser assinado e submetido à ratificação pelos dois blocos econômicos.
“Sobre o Mercosul, pedimos para saber o que a Comissão Europeia pretende fazer para compensar os desequilíbrios”, afirmou Meloni, destacando que a decisão final da Itália dependerá das respostas da Comissão Europeia às preocupações levantadas. Segundo ela, sem essas compensações, o país não aprovará o acordo.
Meloni também alertou sobre os riscos que o tratado pode representar para a agricultura italiana, argumentando que, embora o acordo possa beneficiar setores específicos da indústria, ele pode prejudicar os produtores agrícolas do país. “Se impusermos regras extremamente restritivas e depois importarmos livremente de países que não têm as mesmas normas, vamos criar um desequilíbrio que depois vamos pagar”, afirmou.
A resistência da Itália não é isolada. O presidente francês Emmanuel Macron e agricultores da França também têm se mostrado contrários ao acordo, principalmente devido ao receio de que a redução de tarifas comerciais entre os blocos possa resultar em uma entrada massiva de carne do Mercosul no mercado europeu, o que geraria uma concorrência desleal com os produtores locais.
Dentro da União Europeia, o tratado precisa ser aprovado tanto pelo Parlamento Europeu quanto pelo Conselho da União Europeia, que reúne os ministros dos 27 países-membros. Se houver oposição de pelo menos quatro países que representem 35% da população do bloco, o acordo poderá ser bloqueado, o que torna a posição de países como a Itália e a França crucial para a decisão final.