URGENTE: General acusado de ser informante de Moraes finalmente se manifesta
A indignação do general Valério Stumpf diante das acusações feitas pela Polícia Federal (PF) é um episódio que reflete o alto grau de polarização política e institucional que marca o Brasil pós-8 de janeiro. Stumpf, que foi chefe do Estado-Maior do Exército durante o governo de Jair Bolsonaro, nega as alegações de que teria atuado como “informante” de Alexandre de Moraes, ministro do STF, no contexto das Forças Armadas.
De acordo com as investigações da PF, Stumpf teria tido contatos com Moraes no período que antecedeu os atos de 8 de janeiro, quando se discutia a segurança do processo eleitoral. A Polícia Federal associou Stumpf a uma resistência interna dentro do Exército contra a tentativa de golpear a democracia, alegando que ele teria sido uma figura-chave na tentativa de distorcer os rumos da eleição e da transição de poder. Essa conexão foi levantada junto com a inclusão de Bolsonaro, do ex-ministro Braga Netto, e outros 35 indivíduos — muitos dos quais militares e aliados políticos — no rol de investigados, os quais estariam envolvidos em um suposto plano de golpe de Estado.
A Defesa de Stumpf
Stumpf reagiu à acusação com veemência. Ele refutou ser tratado como um “informante” e afirmou que os contatos com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), à época sob a presidência de Moraes, tinham caráter estritamente institucional e não comprometeram sua lealdade às instituições democráticas. Segundo ele, as interações com o TSE sempre foram informadas ao comandante do Exército, general Freire Gomes, garantindo que sua conduta estivesse alinhada com a disciplina militar e a defesa da democracia.
O general Stumpf também afirmou que, em sua atuação, defendeu a democracia em um momento de grande tensão política e que se orgulha da lealdade que manteve, tanto com as instituições quanto com o Exército. Ele explicou que as comunicações realizadas com o TSE eram de caráter institucional, destinadas a discutir questões relativas à segurança das eleições, e que, portanto, qualquer acusação de envolvimento em ações criminosas é injusta e distorcida.
O Contexto Político e as Consequências
Este episódio acontece em um cenário tenso e altamente polarizado, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro continua sendo alvo de investigações relacionadas aos eventos de 8 de janeiro e à suposta tentativa de golpe de Estado. O fato de Stumpf ser associado a Alexandre de Moraes e, em consequência, a ser implicado nas investigações, reforça a narrativa de que as Forças Armadas, que durante o governo Bolsonaro se aproximaram do líder político e de figuras de extrema-direita, estariam envolvidas em um movimento de desestabilização da democracia. A acusação de que “tentaram um golpe” ou de que se posicionaram contra o resultado das eleições de 2022 segue sendo um tema central nas investigações.
Ataques e Estratégias de Desmoralização
Além da acusação de que seria um “informante”, o general Stumpf também foi alvo de mensagens desqualificadoras, que visavam atacar sua honra e integridade. Em mensagens interceptadas pela PF, surgiram críticas pesadas de outros membros do Alto Comando do Exército e de civis, que tentavam desacreditar sua atuação e sua lealdade às instituições. O uso de termos depreciativos como “melancia” (sugerindo que Stumpf era “vermelho por dentro” — uma referência pejorativa a supostas afinidades ideológicas com a esquerda) também teve o objetivo claro de desmoralizar o general e desqualificar sua postura.
Esse tipo de ataque não é apenas pessoal, mas também reflete uma tática de deslegitimação política de figuras que tentam manter uma posição institucionalmente neutra ou que, ao contrário de outros membros das Forças Armadas, não se alinham com movimentos golpistas ou extremistas. Isso acaba alimentando a narrativa de que há um esforço contínuo de envolver militares leais a Bolsonaro e a outros membros da extrema-direita no contexto de um movimento de desestabilização do governo eleito.
A Narrativa em Jogo: O Impedimento de Bolsonaro
No cenário político, o que está em jogo não é apenas a imparcialidade das investigações, mas também a narrativa que se tenta construir sobre os acontecimentos de 8 de janeiro e os possíveis desdobramentos legais e políticos. A acusação contra Stumpf, e sua conexão com Moraes, tem uma clara implicação no sentido de tentar envolver a figura de Bolsonaro diretamente nas investigações, dando uma dimensão política a um caso que originalmente é tratado como um processo judicial.
O uso de uma narrativa ampla, que busca envolver qualquer elo possível entre Bolsonaro e o golpe, tem sido uma estratégia recorrente. A ideia de que há um “sistema” tentando usar qualquer pretexto para prender Bolsonaro e enfraquecer suas bases políticas é uma das teorias mais comentadas entre os aliados do ex-presidente e seus apoiadores. Eles argumentam que as investigações, ao focarem em figuras-chave como o general Stumpf e outros aliados, são parte de um esforço de criminalização de todos os movimentos políticos que se opõem ao governo atual.
O que está claro é que o embate jurídico e político em torno de Alexandre de Moraes e os desdobramentos das investigações de 8 de janeiro estão longe de ser resolvidos. Ao mesmo tempo, as Forças Armadas se veem no centro de uma disputa ideológica e política que, para muitos, envolve muito mais do que simples questões de segurança nacional, mas sim o controle das narrativas sobre a democracia e o futuro político do país.