Perícia aponta inconsistências em condenação de Deltan

Uma nova reviravolta surgiu no caso envolvendo o ex-procurador da República Deltan Dallagnol, após uma perícia contábil solicitada pela Justiça Federal apontar inconsistências na condenação imposta pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Deltan havia sido condenado, junto com outros integrantes da Operação Lava Jato, a restituir cerca de R$ 2,8 milhões referentes ao uso de diárias e passagens durante a operação, com o TCU alegando que os custos eram excessivos e configuravam uma espécie de “indústria de pagamento” que beneficiava alguns procuradores.

No entanto, a recente perícia revelou falhas nos cálculos do TCU. Segundo o laudo, o tribunal não considerou despesas adicionais que surgiriam com o modelo de remoção dos procuradores, defendido pelo ministro Bruno Dantas, relator do caso. Esses custos, como as despesas de transferência e gratificações aos substitutos nos cargos de origem, não foram levados em conta, o que distorceu os valores que deveriam ser restituídos.

A defesa de Deltan argumentou que o valor determinado pelo TCU estava baseado em um erro, pois ignorava custos que impactariam diretamente o montante final. Além disso, a perícia apontou que o modelo de remoção temporária proposto pelo tribunal não se aplicava a todos os membros da força-tarefa, já que, embora procuradores da República pudessem ser removidos, essa opção não se estendia a procuradores regionais, que compunham uma parte significativa da equipe de Curitiba.

Com base nessas novas informações, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, decidiu anular a condenação imposta pelo TCU, aceitando os argumentos apresentados pela perícia. Esse desenvolvimento marca uma importante vitória para Deltan Dallagnol, que vem enfrentando uma série de embates judiciais e políticos desde sua saída do Ministério Público.

O caso reacende o debate sobre a gestão de recursos durante a Operação Lava Jato, que foi amplamente celebrada como um marco no combate à corrupção no Brasil, mas também alvo de críticas. As diárias e passagens usadas pela força-tarefa foram um dos aspectos mais controversos, especialmente devido aos altos valores envolvidos. A anulação da condenação pelo TRF4 coloca em dúvida as conclusões do TCU e reforça a narrativa da defesa de Deltan, que alega que os recursos estavam em conformidade com as necessidades da operação.

Embora o futuro do caso ainda seja incerto, a decisão do TRF4 representa uma significativa reviravolta no processo, com possíveis desdobramentos que podem gerar novas discussões sobre a atuação do TCU e seus processos de fiscalização. Caso o tribunal decida recorrer, o caso poderá continuar se desenrolando nos tribunais superiores.

Para Deltan Dallagnol, a anulação é um importante alívio, especialmente após perder o mandato de deputado federal por decisão do TSE, e pode influenciar positivamente sua reputação em meio aos desafios políticos e judiciais que tem enfrentado.

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Bruno Rigacci

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