Presidente da CBF será convidado para explicar relação com Gilmar Mendes

A Comissão de Esporte do Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (7) um requerimento que convida o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, para prestar esclarecimentos em audiência pública sobre “supostas condutas irregulares” e um “possível conflito de interesses” envolvendo decisão judicial que o manteve no cargo.

O pedido, apresentado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), questiona a legitimidade da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que assegurou a permanência de Ednaldo na presidência da entidade. O parlamentar aponta possível conflito, uma vez que o magistrado é fundador do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), que mantém parceria com a CBF Academy, braço educacional da confederação.

“A gravidade da situação reside não apenas nas alegações em si, mas também no impacto que elas podem ter sobre a credibilidade da CBF. A entidade, embora de natureza privada, exerce uma função social de extrema relevância para o país”, afirmou Girão ao justificar o requerimento.

Perícia questiona assinatura em documento decisivo

O caso ganhou novos contornos após uma perícia apontar possível falsificação em uma das assinaturas que embasaram o acordo jurídico que manteve Ednaldo no cargo. Segundo a perita Jacqueline Tirotti, a assinatura questionada seria de Antônio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes, ex-presidente interino e vice da CBF. A análise foi solicitada pelo vereador do Rio de Janeiro Marcos Dias (Podemos).

A CBF, por sua vez, negou ter tido acesso ao laudo pericial e criticou a divulgação da análise, que classificou como precipitada e de uso midiático. “A CBF confia plenamente na Justiça brasileira e permanece à disposição das autoridades competentes para esclarecer quaisquer dúvidas que eventualmente surjam”, declarou a entidade em nota.

Bancada da bola resiste à convocação

Apesar do avanço do requerimento, a presença de Ednaldo Rodrigues no Senado enfrenta resistência da chamada “bancada da bola”, grupo suprapartidário formado por ao menos 22 parlamentares que tradicionalmente atuam em defesa dos interesses do futebol. Esse grupo tem agido para blindar o presidente da CBF de convocações parlamentares, inclusive durante Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).

Ednaldo Rodrigues foi recentemente reeleito por aclamação, com o apoio unânime das 27 federações estaduais e dos 40 clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro. No entanto, a crescente pressão política e judicial sobre sua gestão pode tornar inevitável sua ida ao Congresso.

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Bruno Rigacci

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