MST divulga carta com cobranças ao governo Lula e cita ‘política neoliberal vigente no Brasil’
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou nesta sexta-feira (24) uma carta com críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual classifica o atual cenário político brasileiro como “neoliberal”. A carta foi elaborada após uma reunião da coordenação nacional do MST, realizada em Belém, no Pará, e recebeu o apoio de 400 dirigentes do movimento.
Críticas ao “Neoliberalismo” e à Violência no Campo
Na carta, o MST argumenta que o Brasil vive um período de crescente violência contra a classe trabalhadora, tanto no campo quanto nas cidades, acusando o governo de não adotar medidas suficientes para combater os efeitos do “neoliberalismo”. O movimento denuncia que a situação tem levado ao aumento da “barbárie” social, com uma crescente massa de “sobrantes”, aqueles considerados marginalizados ou descartáveis pelo sistema capitalista. A falta de políticas públicas estruturais, segundo o MST, tem aprofundado essa exclusão.
“O atual momento da política neoliberal vigente no Brasil tem aprofundado a barbárie nas diversas faces da violência contra a classe trabalhadora no campo e na cidade. A massa de sobrantes, aqueles considerados descartáveis pelo capitalismo, se avolumam, enquanto políticas públicas estruturais não se efetivam”, destaca o movimento em seu comunicado.
Exigências e Compromissos do MST
Dentre os 10 compromissos mencionados na carta, o MST destaca algumas demandas centrais, como a necessidade de aumentar o número de assentamentos e a demarcação de territórios indígenas e quilombolas. O movimento pede ao governo federal que haja mais empenho na resolução dessas questões, especialmente em relação à reforma agrária.
“Pressionar o governo para assentar as 100 mil famílias Sem Terra acampadas, demarcar os territórios indígenas e reconhecer os territórios quilombolas, lutando por orçamento e uma agenda concreta de políticas de melhoria da qualidade de vida e autonomia aos territórios”, afirma a carta.
O Desafio de Promover a Reforma Agrária
O MST tem se mostrado crítico do ritmo do governo Lula em relação à reforma agrária, uma bandeira histórica do movimento. Desde a posse de Lula, muitas das promessas de ações concretas para a classe trabalhadora rural ainda não foram plenamente cumpridas, e o movimento exige que a agenda de assentamentos e reconhecimento de territórios avance de maneira mais eficaz.
A pressão por uma reforma agrária mais robusta e a ampliação dos programas voltados para a população rural tem sido um dos pontos de maior cobrança do MST, que vê no atual governo uma oportunidade para a realização dessas demandas, mas também uma chance de acompanhar se o governo realmente cumprirá suas promessas.
Reflexões sobre a Política Brasileira
A carta do MST também é uma reflexão crítica sobre a política brasileira, onde o movimento denuncia o que considera como um aprofundamento das políticas neoliberais, com impactos diretos para as camadas mais pobres da sociedade, especialmente no campo.
Com essa cobrança, o MST reafirma seu papel como uma força política ativa e disposta a pressionar o governo Lula para que adote políticas públicas mais efetivas para a classe trabalhadora rural e para as comunidades indígenas e quilombolas, áreas que historicamente foram negligenciadas em termos de acesso à terra e direitos fundamentais.